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Internet sobe ao trator: como a extensão rural digital pode virar ponte entre universidades e pequenos produtores em São Paulo

Internet sobe ao trator: como a extensão rural digital pode virar ponte entre universidades e pequenos produtores em São Paulo

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Segundo especialista, o desafio maior é formar profissionais conectados com os novos propósitos do campo

Levar conhecimento acadêmico para o campo sempre foi um dos grandes desafios da extensão rural, especialmente quando se trata de pequenos produtores. Diferente dos grandes agricultores, que podem bancar serviços privados e contratar engenheiros agrônomos, muitos da agricultura familiar não têm acesso rápido a inovações ou práticas modernas de manejo.

Segundo dados do Censo Agropecuário de 2017, 64,97% dos estabelecimentos agropecuários paulistas são de agricultura familiar. Isso representa cerca de 122.555 unidades produtivas dedicadas, total ou parcialmente, à produção rural. 

E esses produtores de pequeno e médio porte são justamente o alvo da extensão rural, que promovida por universidades, órgãos públicos ou parceiros, funciona como a ponte entre o conhecimento produzido nas instituições de ensino e as práticas agrícolas no campo. 

Ela leva aos agricultores técnicas de cultivo sustentável, manejo de pragas, conservação do solo, boas práticas sanitárias, dentre outras. Mas, para que esse conhecimento chegue com rapidez aos pequenos produtores, atualmente é preciso mais do que visitas presenciais. 

Hoje, ferramentas digitais, plataformas online de capacitação, redes sociais, vídeos, grupos de WhatsApp e inteligência artificial têm servido como meio de acelerar essa transferência de informações. 

“A visita presencial continua sendo fundamental. É na visita em campo que se compreende as realidades locais, constroem-se vínculos de confiança. Mas as ferramentas digitais já têm potencial para ampliar o alcance da assistência técnica e oferecer diagnósticos rápidos e personalizados”, afirma o coordenador do curso de Engenharia Agronômica do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), professor Ronan Machado Pereira.

A universidade como laboratório vivo

A disciplina de Extensão Rural na universidade tem papel central nesse processo. No caso da UniFAJ, ela é ofertada no último semestre de Engenharia Agronômica, e funciona com metodologia ativa: além de aulas expositivas, os alunos vão a campo, fazem diagnósticos, elaboram projetos e interagem diretamente com agricultores locais.

“Na universidade, a disciplina de Extensão Rural não é apenas uma matéria. É um laboratório vivo. Os alunos vão a campo, conhecem as dificuldades dos pequenos produtores e propõem soluções adaptadas à realidade de cada propriedade. Essa vivência é fundamental para formar profissionais mais críticos e cidadãos mais conscientes”, resume Ronan.

E nesse cenário, o desafio maior para o futuro da extensão rural ainda é levar a informação de forma rápida e precisa ao campo. Por isso, investir na conectividade se faz uma urgência, já que dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que apenas 16% das propriedades rurais no Brasil possuem internet de qualidade, além de muitos produtores não terem letramento digital para operar as ferramentas.

Com mais de 120 mil unidades de agricultura familiar no estado, grande parte de pequeno porte, São Paulo concentra uma massa significativa de produtores que poderiam se beneficiar enormemente de uma extensão rural fortalecida, aliada à conectividade.

E para que isso se torne realidade, algumas medidas são urgentes como políticas estaduais e federais que subsidiem ou facilitem a expansão da internet em áreas rurais, formação digital por meio de cursos ou oficinas para a capacitação de produtores e integração entre universidades, associações e cooperativas.“A extensão rural nunca foi tão essencial, nem tão viável de se reinventar. O potencial da internet como ferramenta de democratização do conhecimento é enorme, mas depende de superar os desafios técnicos, de acesso e culturais”, reflete Ronan.

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