
Prof. Plinio Luiz Silvestrini Junior explica os diferentes segmentos de atuação e sua importância
A pandemia trouxe desafios para toda sociedade, sobretudo à Educação, que foi muito afetada, da Educação Infantil à Pós-graduação. A suspensão das aulas presenciais e o uso da tecnologia de forma mais intensa contribuíram para que a aprendizagem e o desenvolvimento dos alunos sofressem mudanças que podem afetar seu desempenho. Com o cenário de confinamento e a necessidade das aulas on-line, observou-se um aumento no relato de problemas de aprendizagem nas crianças.
De acordo com a UNESCO (2020), universidades e escolas de 188 países fecharam suas portas já no dia 4 de março, atingindo estudantes da Educação Infantil ao Ensino Superior, no total de 1.576.021.818 alunos impactados imediatamente, aumentando gradativamente, à medida que o vírus da Covid-19 passou a alastrar-se de forma pandêmica em muitos outros países, como é o caso do Brasil.
Com o retorno às salas de aula, todas essas questões devem ser analisadas com atenção, principalmente na transição entre aulas on-line e presenciais. Esse processo necessita ser cuidadosamente pensado para que não provoque ainda maiores danos ao processo de aquisição do conhecimento.
Nesse sentido, a Psicopedagogia, área que trabalha com a aprendizagem em seus padrões normais ou patológicos (dificuldades de aprendizagem, transtornos de aprendizagem, deficiência intelectual e síndromes), pode auxiliar, seja na prevenção - campo da Psicopedagogia Institucional, seja na superação do problema com a Psicopedagogia Clínica.
A Psicopedagogia Institucional atua no ambiente das instituições de ensino com todos os atores que a compõem, no que tange ao assessoramento da gestão pedagógica, das estratégias e da metodologia de aprendizagem, no auxílio ao corpo docente para criação de estratégias de ensino que visem superar problemas de aprendizagem ou relacionados a demandas dos estudantes.
Na Psicopedagogia Clínica, o trabalho está relacionado aos problemas específicos de cada paciente. Portanto, o enfoque é no indivíduo, analisando, investigando e intervindo nas suas formas peculiares de aprendizado.
Abordar Psicopedagogia é falar de aprendizagem, para isso, precisamos compreender fatores que a compõem, entre eles: percepção/gnosias, linguagem, socialização, afetividade, pensamento, atenção, memória e praxias. Alguns desses componentes se desenvolvem naturalmente em contato com meio em que estamos inseridos. Obviamente, se o meio não promover esse desenvolvimento ou nos privar deles, como o que aconteceu neste período da pandemia, poderemos ter desajustes na aprendizagem.
Essas dificuldades situacionais no processo de aquisição do conhecimento podem ser minimizadas ou sanadas com acompanhamento psicopedagógico e orientações adequadas à escola e à família. O ideal é a identificação precoce para que melhores resultados na aprendizagem desse indivíduo possam ocorrer. Escolas precisam estar preparadas para identificar sinais iniciais e encaminhar ao psicopedagogo para uma avaliação diagnóstica e fazer os encaminhamentos adequados em busca da solução para o problema através de um plano de intervenção/tratamento psicopedagógico ou da área necessária ao caso.
À vista desse quadro e frente aos impasses trazidos pela pandemia ao indivíduo que aprende, faz-se cada vez mais urgente e imprescindível o trabalho psicopedagógico nas interfaces e vertentes entre Educação e Saúde para possibilitar a criação de estratégias que potencializem a capacidade de aprender de cada sujeito.
Prof. Plinio Luiz Silvestrini Junior - Graduação em Medicina Veterinária, Pedagogia e Serviço Social. Mestrado em Ciências Médicas e doutorado em Educação. Especialização em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Coordenador e docente de Pós-Graduação em Educação do Grupo UniEduK