Araguari (MG), 1937. Os irmãos Sebastião Naves, de 32 anos de idade, e Joaquim Naves, com 25, eram simplórios trabalhadores que comerciavam bens de consumo, como cereais. Joaquim Naves era sócio de Benedito Caetano. Este havia adquirido grande quantidade de arroz, trazendo-o para Araguari, onde vende o carregamento por expressiva quantia. Na madrugada de 29 de novembro de 1937, Benedito desaparece de Araguari, levando consigo o dinheiro da venda do arroz. Os irmãos Naves, constatando o desaparecimento e sabendo que ele estava de posse de vultosa quantia em dinheiro, comunicam o fato à polícia, que dá início às investigações.
O caso é atribuído ao delegado de Polícia Francisco Vieira dos Santos, sendo ele o protagonista do maior erro judiciário da história brasileira. Militar determinado e austero, o delegado, no início das investigações, formula a convicção de que os irmãos Naves seriam os responsáveis pela morte de Benedito. A partir daí, segue-se uma trágica, prolongada e repugnante trajetória na vida dos irmãos Naves e de seus familiares.
Para julgar a reedição deste célebre caso do sistema judiciário do país foram escalados os alunos do 8º semestre do curso de Direito da FAJ, que apresentaram, no último dia 6 de dezembro, no Anfiteatro do Campus II, o Júri Simulado 2013.
Com uma ambientação de época misturando elementos de figurino, cenografia e sonoplastia, o “Caso dos Irmãos Naves” foi a julgamento com a participação de pelo menos 26 personagens, que incorporaram os papeis de juiz, orientador, promotores, advogados, escrevente, réus, testemunhas e oficiais.
Todos os procedimentos obrigatórios de um júri foram fielmente seguidos e respeitados pelos estudantes, seguindo a proposta desta atividade prática que é um dos pontos altos do curso de Direito da FAJ.
“O Júri Simulado ocorreu de forma muito intensa. Os alunos se caracterizaram com roupas da época e até a bandeira do Estado de Minas Gerias (onde o julgamento ocorreu) foi levada ao Plenário. Os debates foram acalorados, pois todos queriam convencer os jurados das suas teses. O resultado do julgamento foi dentro do esperado, pois estava claro nos autos que houve um grande erro ao incriminar duas pessoas inocentes”, comentou o Prof. Gustavo Previdi Vieira de Barros, orientador da atividade.
A plateia presente em bom número acompanhou toda a dramatização feita pelos estudantes. Entre os presentes estavam o coordenador do curso de Direito, Prof. Francisco de Assis Garcia, e o diretor da FAJ, Prof. Flávio Fernandes Pacetta. “Os alunos se saíram muito bem, apresentando um júri fiel ao texto do processo e com dramatizações e figurino dignos de uma peça teatral. Em minha opinião, contou muito a forma didática como o caso foi apresentado e o desfecho com uma parte do filme que conta o mesmo caso”, comentou o Prof. Francisco.
“O Júri Simulado também encantou a todos pela criatividade na adaptação do espaço e mobiliário ao Anfiteatro do Campus II da FAJ, fazendo com que todos os presentes tivessem a real noção sobre o instituto do júri, com uma visão mais nítida de todos os pontos e do real desenvolvimento do processo”, completou o Prof. Flávio Pacetta.