Pesquisa que analisou perfil deste grupo populacional apresentou resultados alarmantes
Por Larissa Alcântara
A professora do curso de Nutrição da Faculdade Max Planck, Lhais de Paula Barbosa, concluiu sua dissertação de mestrado, realizada junto ao departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (Universidade de Campinas), na qual analisa o perfil de consumo de gordura na dieta da população adulta residente no município de Campinas, segundo o sexo e os níveis de escolaridade. Além disso, a professora Lhais teve sua dissertação publicada, recentemente no jornal da Universidade.
O trabalho da professora utilizou dados do Inquérito de Saúde do Município de Campinas (ISACamp) 2008/2009, que é o segundo de uma série de inquéritos periódicos realizados no município. O estudo foi realizado em base domiciliar e populacional e avança na análise das condições de saúde da população, que envolve problemas de saúde, práticas preventivas, uso de serviços de saúde, qualidade de vida, uso de medicamentos, entre outros. A professora avaliou a dieta em um grupo de aproximadamente 950 adultos, que foram divididos em três subgrupos de escolaridade: de zero a sete anos de estudo; de oito a 12 anos e de mais de 12 anos de estudo, subdivididos em grupos de homens e mulheres.
Para a coleta de dados sobre a alimentação, a docente utilizou o instrumento Recordatório 24 horas, aplicado por uma equipe treinada e supervisionada, que permite ao entrevistado relatar seu consumo alimentar nas 24 horas que antecederam a pesquisa. Nos resultados, o consumo de gordura total revelou-se elevado entre a população de Campinas, aproximando-se do limite superior dos níveis recomendados. Sua pesquisa ainda identificou que entre os homens, o consumo foi maior entre os que possuíam nível de escolaridade mais avançada. Já em relação à gordura saturada, o consumo superou a recomendação de até 10% do Valor Energético Total (VET) da dieta entre as pessoas de maior nível de escolaridade, tanto homens, quanto mulheres. Além disso, também foi constatado que o consumo é maior naqueles grupos com mais alto nível de escolaridade.
De acordo com a autora, essa relação pode existir em função da renda, pois aqueles que possuem maior escolaridade são, muitas vezes, de classes sociais mais elevadas, consequentemente tendo maior acesso aos alimentos industrializados. “Além disso, os alimentos do tipo fast-food tornaram-se cada vez mais comuns no cotidiano da sociedade. Apesar das pessoas de menor nível socioeconômico serem mais afetadas por doenças crônicas e mortes prematuras, quando o assunto é o consumo de gordura, os resultados são opostos, contrariando a tendência de que tudo que é ruim atinge, principalmente, os pobres”, comenta a professora.